terça-feira, 18 de maio de 2010

Mitos acerca do poder das multinacionais

Assistimos hoje a várias teorias da conspiração acerca do poder das empresas multinacionais no mundo. Afirma-se, por exemplo, que as empresas controlam secretamente a política; consequentemente, os indivíduos não têm qualquer relevância, apenas as empresas.

Esta teoria não tem qualquer sentido. Isto pode demonstrar-se com exemplos simples. Um exemplo é que as empresas não têm o poder de impor impostos aos cidadãos. Nenhuma empresa tem este poder de limitar a liberdade dos indivíduos. Além disso, os impostos são inimigos das empresas: quanto mais altos os impostos, menor é o lucro e o investimento. Se todos os governos têm este poder, então a pergunta que se coloca é: onde é que as empresas podem exercer esse poder secreto?

Outro exemplo é o facto das empresas serem sujeitas a controlo de qualidade. Qual seria a empresa que, se pudesse, fugiria às regras? Estas regras limitam as liberdades comerciais das empresas. Como é que se pode afirmar neste caso que as empresas têm mais poder que os governos?

Um último exemplo diz respeito a questões sociais: cada vez mais existem ideias progressistas: liberdade para consumir drogas, liberdade sexual, entre outros casos. Qual é o papel das empresas neste campo? Onde é que as empresas influenciam e qual o interesse para tal? Não vejo nenhum interesse da parte do Bill Gates em que haja liberdade para consumir drogas.

Em conclusão, este mito de que as empresas controlam o mundo é falso. Não existem dados que o demonstrem nem é teoricamente lógico que assim o seja. Isto não é afirmar que as empresas não controlariam o mundo, se isso fosse possível; mas a verdade é que não controlam.

7 comentários:

  1. XD "as empresas controlam o mundooo!! uuhhuuhu". Isto não é conspiração. Os indivíduos nos altos postos de administração de empresas não têm que se reunir em secreto e planear. Apenas agem sob a mesma premissa: a de maximizar o lucro irrespectivo dos custos sociais ou ambientais.

    E se indivíduos num momento são CEOs ou detêm muitas acções de empresas e no ano seguinte servem em cargos de relevo no governo (ex: Donald H. Rumsfeld, Chairman of Gilead Sciences, and later vice-president), tendem a usar a sua influência para beneficiar a empresa de sua preferência (ex: promover a compra de Tamiflu).
    É desta forma que se fala de "empresas dominarem o governo".

    E em toda esta conversa se está a cometer a falácia de se considerar "O Governo" e "As Empresas" entidades personificadas, quando na verdade são compostas por pessoas que podem fazer parte dos dois.

    E se no mundo em que vivemos o dinheiro é que faz mexer as coisas, é o dinheiro que paga a candidatura de indivíduos ao governo, é com dinheiro que se promove a promulgação de leis (lobbying), então definitivamente deixa de haver um "Governo" estanque. E quem tiver em situação financeira vantajosa há de ter tendência a levar a sua a avante, passar leis que beneficiem os seus interesses, livrar-se de complicações legais que vão surgindo.

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  2. Em primeiro lugar, o que é que quer dizer "irrespectivo"? Acho que a palavra não existe e eu não entendi o argumento, sinceramente.

    Em segundo lugar,o argumento de os políticos serem CEO curiosamente dá-me razão a mim. É por serem políticos que conseguem ter mais poder, não o contrário. Mas ainda assim, esta não seria a mesma questão; poderia, no entanto, ser uma das seguintes questões: 1) têm os indivíduos com altos cargos em empresas privadas o direito de se candidatarem a altos cargos públicos? ou 2) Pode a lei (mais precisamente a constituição) evitar estas situações? Quanto a 1) é uma questão que é difícil debater;quanto a 2) por alguma razão existe o poder legislativo, administrativo e jurírico. O terceiro controla o primeiro.

    Já agora, era bom ter provas concretas dessa história do Tamiflu ou se é só especulação. Essas teorias da conspiração são muito giras, mas ficam-se por aí se não tiverem provas.

    Relativamente ao último parágrafo, a questão que coloco é: então sendo assim como é que o Obama, por exemplo ganhou? Por que não ganharam os Republicanos? Por que não ganhou alguém pro-capitalismo?

    Por fim, nenhum dos argumentos apresentados visou directamente o que disse no post. Eu sugeri alguns exemplos que revelam que o poder do governo é muito mais forte. Este exemplos mostram exactamente que as empresas são prejudicadas pelo governo. Mostram ainda que existe políticas que NADA interessam às empresas.Não sei qual foi o argumento apresentado que refuta directamente o que disse.

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  3. "o poder do governo é muito mais forte"
    O poder do governo é fazer leis e
    das 100 maiores entidades económicas, 51 corporações vs 49 países (em 2000) http://www.corporations.org/system/top100.html
    Não só corporações são agora mais economicamente poderosas do que países como também transcendem fronteiras. Apenas estas duas características parecem-me oferecer 'poder' em qualquer negociação que ocorra entre políticos/legisladores de um país e representantes das ditas corporações.

    "por que ganhou o Obama?" Dos maiores contribuidores para as campanhas do Obama e do McCain, 5 são os mesmos... E as políticas implementadas pelo Obama têm sido extremamente anti-capitalistas uiuiui XD http://www.opensecrets.org/pres08/contrib.php?id=N00009638&cycle2=2008&goButt2.x=7&goButt2.y=2&goButt2=Submit http://www.opensecrets.org/pres08/contrib.php?id=N00006424&cycle2=2008&goButt2.x=6&goButt2.y=7&goButt2=Submit

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  4. Reparo o tom estranho das mensagens com o "uuh uuh" e o "ui ui" que pode ser por se aperceber da pobreza dos argumentos ou por algum abuso das drogas. LOL

    "O poder do governo é fazer leis e
    das 100 maiores entidades económicas, 51 corporações vs 49 países (em 2000) http://www.corporations.org/system/top100.html
    Não só corporações são agora mais economicamente poderosas do que países como também transcendem fronteiras."

    E? De que forma é que isso vai contra o meu argumento?

    Além disso, o exemplo da página sugerida mostra que as companhias são economicamente mais poderosas que ALGUNS países. Mas o problema é que o maior poder não é o económico, é o legislativo. Já agora, exemplos concretos de países a serem controlados por empresas seriam clarificadores; de outro modo trata-se apenas de especulação inútil.

    Quanto ao Obama, convém ler as notícias que têm saído em vez de se fazer palhaçadas. Ainda há uns dias, saiu a notícia de que o Obama com as novas leis fiscais vai cortar 20% dos lucros das empresas. Convém andar informado sobre a actualidade em vez de se andar a sonhar com teorias. O espírito científico deve ser aplicável a tudo o que fazemos; além disso pensar criticamente não tem de ser pensar contra o sistema. Parece, no entanto, este sentimento tribal em volta do "Against the System" é muito bom para se sentir incluído num grupo: é uma espécie de adeptos do futebol cegos pelo clube.

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  5. "o maior poder não é o económico, é o legislativo" - uma frase declarativa. Que poder é esse das leis que são violadas todos os dias? Ou pior, que são utilizadas para violar direitos humanos (i.e. Patriot Act), ou ainda mais grave, leis feitas em directo benefício a corporações (i.e. legal immunity to vaccine makers and governments taking on liability for claims for damages that might result from mass vaccination programmes). Este exemplo das companias farmaceuticas conseguirem se escusar das suas obrigações perante a lei neste caso, 'passando a bola para os governos', ou seja, se houver processos, quem paga impostos é que arcará com as despesas, é um ótimo exemplo do poder financeiro a distorcer o poder legislativo. E isto sem sequer falarmos dos casos de pessoas ricas a terem possibilidade de contratar os melhores advogados, daí advindo uma menor percentagem de veredictos 'culpado' para essa fatia da sociedade.

    "o exemplo da página sugerida mostra que as companhias são economicamente mais poderosas que ALGUNS países." - Olha! E um desses é Portugal! Portanto fodasse para ti que esta informação é pertinente para este blog!

    "convém ler as notícias" - Talvez convenha é acreditar menos na TV e nos jornais/revistas.
    Com quatro corporações possuindo a maioria dos meios de comunicação social, torna-se impossível obter informações objectivas destes meios.
    Uma coisa é o que é dito que o Obama vai fazer, outra coisa é o que ele efectivamente faz, e ainda outra é o resultado prático dessas leis passadas.

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  6. Os exemplos dados, novamente, dão-me razão: o poder legislativo é que podem beneficiar as empresas, logo parece que o poder legislativo é mais forte do que o económico. Além disso, sim, as leis são quebradas, mas isso é mesmo um argumento sério? É o mesmo que dizer que como quando se tem um acidente o airbag nem sempre funciona logo é ineficaz.

    Eu não disse que o poder financeiro não pode manipular o poder legislativo; mas isso é uma trivialidade. Todos sabemos que isso pode acontecer, mas isso não prova nada. Qual seria então a alternativa? Não haver dinheiro? Mas se não houvesse dinheiro, haveria outra coisa qualquer (bens) para trocar que teriam valor e que serveriam para isso. Criticar a possibilidade de manipulação é o mesmo que dizer que os humanos são humanos (A=A) - como disse, uma trivialidade; que além disso não tem outra solução. E isto nem sequer é bem o tópico do post.

    O exemplo das companhias serem economicamente mais fortes mostra, mais uma vez, que não se compreendeu o argumento que o poder legislativo é mais forte do que o económico. Dou encerrado este ponto porque já o expliquei.


    Em relação ao último comentário, pergunto por que razão devo eu confiar mais em teorias da conspiração ou teorias alternativas do que em notícias. O Obama FEZ! Foi aprovado no Senado - ou será que isso foi a comunicação social que disse e os americanos pensam que estão a pagar mais impostos mas afinal não estão? Faz sentido...

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  7. "Afirma-se, por exemplo, que as empresas controlam secretamente a política"

    ahahaha! qual secretamente? está aos olhos de todos. é assumidamente assim. qual é a dúvida?

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