terça-feira, 30 de março de 2010

A Mente e a Moral

No princípio do século XX, o famoso filósofo inglês G.E. Moore, criticou no seu livro Principia Ethica o naturalismo ético. Isto porque a bondade, que para Moore era o valor ético fundamental, não podia ser definida em termos naturais. Ou seja, que a bondade era indefinível e não analisável e portanto a ética seria autónoma, irredutível às ciências naturais ou até mesmo à metafísica. Esta era a celebre falácia naturalista de Moore, cometida pelo naturalismo ético ao querer definir a bondade.
Muitos filósofos foram influenciados pelo pensamento de Moore de que a ética como campo filosófico estava quase totalmente separado da psicologia e da sociologia.

Contudo hoje em dia vários filósofos da moral pensam que é necessário prestar atenção aos recentes trabalhos da psicologia, em especial os da psicologia cognitiva. Alguns desses filósofos como John Deigh, Andy Clark ou Paul Churchland, tentam mostrar como o trabalho actual das ciências cognitivas não só contribui, como também se cruza com a reflexão filosófica da moral.
Piaget e Kohlberg fizeram uma reflexão muito interessante na psicologia moral, mas as suas contribuições foram em grande parte à margem das correntes principais da psicologia, como também é verdade para grande parte da psicologia social que tem tocado em questões morais.

Ultimamente tem havido um grande aumento do interesse na racionalidade moral por parte das ciências cognitivas e das psicologias do desenvolvimento.
A racionalidade moral é uma das mais difíceis e complexas formas de racionalidade, e qualquer teoria que seja forte sobre a racionalidade terá inevitavelmente que se confrontar com ela. Pois uma coisa é mostrar como a mente consegue fazer cálculos matemáticos, outra coisa é mostrar como consegue a mente formar juízos num dilema moral. A tentativa de tornar as ciências cognitivas relevantes, para a actual racionalidade humana, tem despoletado o interesse das ciências cognitivas na filosofia moral. Continuará certamente este interesse a prolongar-se nos tempos futuros e trazer-nos-á, desejo eu, abundantes frutos.

Ricardo Barroso

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