terça-feira, 23 de março de 2010

Capitalismo e Ambiente II

Em primeiro lugar gostaria de saudar os meus colegas de Blog. Tenho a certeza que teremos discussões muito interessantes. Desde já, o texto do Luís Rodrigues suscitou-me uma série de interrogações, o que lhe agradeço.
Não me vou alongar, mas fala-se da teoria económica da Tragédia dos comuns (que, confesso, desconhecia). Interrogo-me se ela não falhará o alvo. É que aplica a um hipotético sistema de propriedade comum os princípios e as motivações que regem precisamente o modo de ser capitalista, ou seja, a maximização da produção e do consumo. Daí inferindo que seria inevitável uma luta pela exploração dos recursos até à sua exaustão.
Por outro lado, a afirmação de que não se trata de propriedade exclusiva de cada um dos agricultores mas de propiedade pública necessita esclarecimento. Trata-se de uma corporativa privada num sistema capitalista? De um caso de auto-gestão? De uma propriedade estatal?
Para além disso, a realidade não mostra claramente que o sistema capitalista esgota implacavelmente os recursos naturais? Não ponho em dúvida que haverá outros sistemas económicos ainda mais nocivos, mas isso não invalida a exploração insustentável a que temos vindo a assistir.
Haveria, com certeza, uma série de questões ainda mais interessantes, mas foram estas as que se me levantaram na primeira leitura do texto.

5 comentários:

  1. Olá Helder!

    Obrigado pelo comentário.

    Em economia, o comportamento que se assume que os actores tenham é o de maximizar o seu próprio interesse. Sendo assim, seja, qual for o sistema de propriedade, os actores económicos tentarão sempre maximizar o lucro.
    O que acontece neste caso é o seguinte: se a propriedade for pública (todos podem usar) ou se for, digamos, semi-pública, o incentivo geral é consumir os recursos o mais depressa possível. Isto porque todos querem maximizar o lucro. Em teoria dos jogos isto seria um jogo de soma zero, i.e., aquilo que um ganha é exactamente aquilo que o outro perde. Sendo assim, uma vez que os direitos de propriedade não estão bem definidos, o que acontece é um abuso de todos relativamente ao uso dos recursos.
    No entanto, se o lucro em vez de estar direccionado para o abuso estiver para a conservação (como no caso da tragédia dos comuns) o incentivo (de maximizar o lucro) é igual ao de conservação. Isto porque o interesse do proprietário é continuar a ter lucros. Por isso, os agricultores terão de pagar para usar o terreno sendo isto uma forma de desincentivar o seu uso.

    No fundo, trata-se da mão invisível de Adam Smith: o interesse de cada um na sociedade resulta no interesse social porque o interesse individual coincide com o social.

    Espero que isto responda às questões.

    Abraço,

    Luís

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  2. Olá Luís,
    Estou a gostar do que estás a escrever.
    Podias escrever um post sobre a Mão Invisível de A. Smith?
    Já agora, um sistema capitalista pode ser bom na medida em que pode preservar os recursos naturais, mas não será mau na medida em que cria desigualdades e não parece resolver a pobreza no mundo?
    Abraço,

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  3. (peco desculpa nao tenho acentos nem cedilhas neste pc)
    Penso que nenhum regime economico consegue eliminar as desigualdades sociais ou resolver a pobreza completamente. No entanto, um sistema de mercado parece-me ser o mais eficaz porque o movimento de capitais cria emprego e emprego e o que e necessario para resolver a pobreza. Por isso e que quem mais beneficia das multinacionais sao os paises do terceiro mundo.


    Abraco

    Luis

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. É de se louvar o sistema de mercado livre, pois proporciou-nos o progresso em várias áreas que vemos hoje.

    Mas pensar que algo é impossível (eliminar a pobreza) é falta de imaginação ;)

    Uma alternativa visionária, está descrita na short-story "manna" http://marshallbrain.com/manna1.htm . Adorei lê-la ^_^.

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